Ajude o RS!
Da redação
03/06/2024
Ajude o RS!
Hoje o tema do artigo não será loteria ou alguma dica de como acertar o maior número de dezenas premiadas possível. Será de como ajudar pessoas que precisam de ajuda, muita ajuda – Ajude o RS. A não ser que no último mês, o Dourado apostador estivesse dando uma voltinha pelo pequeno planeta rochoso vermelho do sistema solar que leva o nome de um Deus Romano, onde não há precipitação pluviométrica, muito provavelmente teve acesso a alguma informação sobre a catástrofe climática que se abateu sobre o estado do Rio Grande do Sul.
Inicialmente, é preciso dar crédito às autoridades que informaram antecipadamente a seriedade do evento que se aproximava. Pela primeira vez, lembro de o governador do estado vir a público (vi alguns vídeos que circularam em redes sociais), e falar claramente para as pessoas se protegerem porque estava a caminho algo realmente sério. Aconteceu em setembro e novembro de 2023, e em maio de 2024. Coisa de filme, difícil de acreditar. Lamentavelmente o aviso se confirmou em sua seriedade e severidade. É assombroso vivenciar a sua concretização, estar no meio do “olho do furacão”. Talvez tenham errado, no sentido de que foi muito pior do que talvez previsto, mas neste momento, não é o objetivo aqui entrar no miúdo da coisa. Se em 2023 a catástrofe já havia sido das maiores, agora neste mês, a tragédia tomou proporções colossais.
O evento climático
O chuvaredo começou lá pelo dia 28 de abril. No dia primeiro de maio último, o estado teve 4 cidades entre as 10 cidades em que mais choveram no mundo: Santa Maria (1º) – na verdade a cidade aparece no 1º – Cemaden, 5º – Inmet e 7º lugares – Base Aérea, conforme os lugares e entidades que fizeram a leitura; Bento Gonçalves (4º), Caxias do Sul (6º) e Soledade (8º). Naqueles dias iniciais das chuvas, Santa Maria registrou em três dias, incríveis 470,7 mm de chuva. Entre 28 de abril e 5 de maio nos municípios de Putinga e São José do Herval (aproximadamente 82 km de Lajeado) foram registrados assombrosos 866,6 milímetros. Posteriormente, somando-se ao que já havia chovido, entre 09 e 13 maio choveu em torno de 200 mm no Vale do Taquari. Foi outra enchente, dentro da enchente, considerada a sexta maior de todos os tempos – 1º: 02.mai.2024, 2º: mai.1941, 3º: set.2023 [há quem diga que esta foi maior do que em 1941] 4º: nov.2023, 5º: abril.1956. Conforme dados do INMET, durante o mês de maio, em Caxias do Sul choveu 837,4 mm, em Muçum foram 817,4 mm. É muita, mas muita água.
E aí as notícias começam a chegar: pontes enormes caindo, casas em regiões relativamente altas e longe das margens dos rios debaixo d’água, casas com pessoas nos telhados sendo levadas pela correnteza das águas. Na sequência, silêncio. Porque começa a faltar energia (por segurança as redes de energia são desligadas, eventualmente também são danificadas pelas forças das águas, ou deslizamentos, etc), então, os equipamentos não ligam. As torres de telefonia deixam de funcionar, a internet deixa de funcionar pois os equipamentos dos provedores em muitos casos, estão debaixo d’água; adicionalmente, tem seus cabos de fibra ótica rompidas no desabamento de pontes. Falta água, porque as bombas estão debaixo d’água e não tem energia para funcionar. Bloqueios nas estradas. E a chuva mandando ver lá das nuvens. Junto com a chuva, veio o frio. A partir da metade do mês, as temperaturas caíram de perto de 30 °C para menos de 10 °C durante a noite, em torno de 15 °C durante o dia.
O estado possui 497 municípios. No dia 06 de maio, a União publicou no Diário Oficial uma portaria reconhecendo 336 municípios em estado de calamidade pública – 67,6% do total. Vejam que o número é de municípios em calamidade pública, o total de municípios afetados foram 475 – 95,6% do total. Este número está representado na imagem abaixo e dá uma ideia da dimensão do evento. A representação no mapa é: pontos em vermelho cidades afetas; em amarelo, locais com mortes confirmadas; os pontos azuis mostram as áreas não afetadas.
Em um determinado momento estavam fora do ar, por diversas razões, porém em função do evento climático, 536 torres de telefonia. Significa dizer que telefone e internet estavam seriamente afetados. Em muitas cidades não funcionavam telefones – ligações comuns de qualquer tipo, internet – programas mensageiros e navegação de uma forma geral. Curiosamente e para o bem geral, o rádio, através das várias estações nas cidades (transmitindo informações) e pessoas com radinhos de pilha (recebendo as informações), não saiu do ar em nenhum momento, desempenhou um papel fundamental na comunicação nos piores momentos do cataclismo.
Perto de 100 trechos de estradas com bloqueios parciais ou totais. Água por cima da pista era apenas uma das razões dos impedimentos, houve quilômetros inteiros levados pela água ou por deslizamentos. Dezenas de pontes de todas as dimensões foram arrastadas, destruídas pelas águas. Nas cidades, muitas casas arruinadas, bairros inteiros devastados. Indústrias destruídas, máquinas que viraram sucata, estoques de insumos e produção final perdidos. No interior, instalações rurais tanto de agricultura quanto de criação de animais, igualmente destruídas. Plantações perdidas, rebanhos inteiros mortos. Em um local de Cruzeiro do Sul, dos mais afetados, não sobraram nem as fundações de casas. Em Porto Alegre, o Aeroporto Internacional Salgado filho ficou debaixo d’água, e ficará fora de operação por vários meses.
Arroio do Meio, Bairro Navegantes, registros do dia 08.mai.2024:
Na imagem a seguir, a situação das rodovias no RS até o momento desta redação. Observam-se basicamente 3 destaques: em vermelho – bloqueios totais. Em amarelo – bloqueios parciais. Pontos brancos com verde – bloqueios já liberados.
Arroio do Meio, Bairro Navegantes, registro de 24.mai.2024:
A infraestrutura arruinada, traz consigo um outro efeito: a economia. Já se começam a ser percebidas as consequências nocivas da tragédia. Porém, ainda que muito seriamente atingida, seja qual for o tipo de infraestrutura afetada, é sempre possível reconstruí-la, embora se possa levar muito tempo para isso.
Mas, em absoluto, é fato, não existe conserto para uma coisa: a vida. Infelizmente, foram perdidas para esta catástrofe 172 vidas e 42 pessoas permanecem desaparecidas. Desta forma, este número, tristemente irá aumentar. Ainda: 806 pessoas feridas, 580.111 desalojados e 37.154 pessoas em abrigos. Foram 2,3 milhões de pessoas afetadas no estado (até o momento desta redação, os números são atualizados constantemente).
Várias são as implicações imediatas. Para exemplificar: às vezes, não nos damos conta de coisas simples que fazemos num dia a dia e que está toda atrelada à tecnologia atual, que é ótima e nos facilita muito a vida, diga-se de passagem. Como comprar algo para comer, se o cartão de débito ou crédito não está funcionando (por que não há internet, ou energia, ou os dois)? Paga-se com dinheiro em espécie, claro. Mas e se o dinheiro que se tinha no bolso já foi gasto? Saca-se no banco, obviamente! Mas e se a agência do banco está debaixo d’água, e na agência que não está debaixo d’água o sistema está fora do ar? Nos últimos dias, não existiu o “se”. Tudo isso estava materializado na mais pura realidade. Então, como resolver? Está resolvido não é! Não há opção no que diz respeito a conseguir pagar. A saída é a solidariedade alheia. E houve (há) muita, muita gente ajudando.
Solidariedade
Num momento ímpar como este, cada um ajuda como pode, e cada ajuda é muito útil e bem vinda. Situações reais acontecidas: enquanto os trabalhos de limpeza nas cidades estavam iniciando (ainda que em alguns lugares, até o presente momento não tenha sido possível), estacionou uma camionete na esquina. Um fogareiro na caçamba e um panelão em cima. Estava sendo servido um sanduiche com molho e carne gratuitamente para quem quisesse. Bastava pedir. Carros passando na rua e perguntando se queriam água – dá bastante sede quando se está tirando lodo de dentro de casa, embarrado até acima dos cabelos e não há água na torneira. O mesmo com sanduiches, passa um carro e de lá perguntam: querem sanduiche? E só pegar! Grupos de pessoas chegam e perguntam: precisa de ajuda? Sim, claro, é a resposta. E o grupo entra e começa a ajudar no que for preciso.
Entre vídeos em redes sociais e várias reportagens exibidas na televisão, uma mostra exatamente esta situação: em Muçum, umas 30 pessoas limpando uma casa, o dono mais um ou dois familiares, os outros todos eram voluntários. Em Porto Alegre, o pessoal de um iate clube pegou suas lanchas: iam a Canoas e voltavam, tantas vezes quanto necessário, resgataram muitas pessoas ilhadas. Donos de barcos de pesca, pequenos ou de maior porte, se colocaram a buscar quem quer que fosse que precisasse de ajuda, tanto nas cidades como nas localidades do interior. Existem hoje incontáveis histórias como estas e tantas outras não relatadas, pois, aqui está tudo muito resumido. De fato, é possível escrever muitos livros. O intuito é de tentar transmitir um pouco de todos os acontecimentos, problemas e dificuldades que acompanham este evento de colossal magnitude.
Contudo, não se pode deixar passar, é de enorme relevância e muito merecimento que se faça o registro – existe um enorme número de heróis anônimos no Rio Grande. Aqueles que pegaram seus barcos, lanchas – grandes ou pequenas, entraram na água embarrada com correnteza a pé, dirigiram um veículo qualquer que fosse, em um lugar de difícil acesso, entre outras tantas situações, são sim heróis, pois salvaram muita gente. E quem foi salvo por eles, certamente serão gratos pelo resto de suas vidas.
Como ajudar
Vários movimentos surgiram e se organizaram para ajudar, nas cidades, no estado e no Brasil. Para quem foi atingido por esta catástrofe de alguma forma e precisa receber algum tipo de ajuda, seja ela qual for, saiba que a gratidão é imensa. Veja na sequência, algumas destas organizações, visite um ou todos os endereços abaixo, navegue nas páginas e, ajude como puder:
- SOS RIO GRANDE DO SUL, https://sosenchentes.rs.gov.br/inicial
- DOE ALIMENTOS, https://www.doealimentos.com.br/Inicial
- ONDE DOAR RS, https://www.ondedoarrs.com.br/
- Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul)
A Federasul, juntamente com suas 194 entidades afiliadas, lançou a Campanha Solidária para arrecadar fundos e realizar a compra de itens fundamentais para as famílias. As doações podem ser feitas por
Pix: sosrs@federasul.com.br
Depósito em conta da Federasul aberta exclusivamente para a campanha no Sicredi nº 0116 01229-5
- Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs)
Para contribuir com doações para os bancos sociais da Fiergs é possível enviar via
PIX: financeiro@bancossociais.org.br.
Fazer o bem
Remetendo novamente ao mundo cinematográfico: filme de catástrofe aqui e agora acontecendo diante dos nossos olhos. Mas a fotografia, o vídeo, o filme ainda que feito com o maior cuidado, e tem um papel importante para transmitir os acontecimentos, sejam eles quais forem, representa apenas parte da realidade. Por mais fiel que seja. Ao vivo e a cores é muito, muito pior. As consequências ainda estão no início da sua avaliação e contabilização, em todas as frentes – Humana, na economia (Indústria, Agropecuária por exemplo), na infraestrutura tanto particular quanto pública seja ela municipal, estadual e Federal, etc. O poder público não será capaz de resolver tudo em todas as frentes no prazo que se faz necessário. Muita coisa é urgente, muito urgente.
Ao fazer parte de tão singular acontecimento, podemos escrever este roteiro da melhor forma possível. É muito bom e gratificante ajudar pelo simples fato de ajudar, fazer o bem sem esperar nada em troca. Muito trivial esta afirmação não é? Pois é, também acho, porém absurdamente verdade. Vale muito a pena auxiliar a quem precisa. Desta forma, um agradecimento caloroso e carinhoso a quem vai ajudar, a quem está ajudando e outro a quem já ajudou. Dentro das possibilidades de cada um, o que for feito interessa, ampara e importa muito.
Muito obrigado!
Muito boa sorte!
Tenha uma longa, ótima, feliz e próspera vida!
Fontes:
Fotografias – acervo pessoal com licença autorizada.
Mapa cidades atingidas, reprodução de https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/enchente-no-rs-mapas-interativos-mostram-locais-afetados-pela-chuva-veja/
Mapa rodovias atingidas, Comando Rodoviário Brigada Militar – rodovias gaúchas, reprodução de https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1ZlKA__gK8tH-WY6mbDeQzltsiwao7Q8&ll=-29.644961735033142%2C-51.15762915471277&z=8

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